Mamã leafstyle #2 – O Carnívoro Vegetariano

por Marcos
Marcos antes e depois de fazer o Insanity

Eu sou a prova viva que um comedor de carne inveterado pode mudar. Costumava dizer que era vegetariano no acompanhamento do prato. Hoje o acompanhamento tomou conta do prato e nunca me senti melhor.

“Eu era vegetariano no acompanhamento do prato. Hoje o acompanhamento tomou conta do prato” 

Não fui uma criança gorda, e sempre tive muita energia, mas as coisas mudaram quando, no 5º ano mudei para uma escola onde a alimentação dada era ovo-lacto-vegetariana, muito rica em cereais, soja granulada e seitan. Com tantos hidratos de carbono fui arredondando e só quando saí de lá é que estabilizei num peso normal.

Até começar a namorar com a Débora… aí os meus problemas começaram de novo.

É normal as pessoas queixarem-se da sogra, mas felizmente não tenho razões de queixa, pelo contrário. A minha sogra é uma santa que sempre me tratou bem, (ou então fazia parte do seu plano engordar-me para ver se a filha não ficava comigo). Ela tem o dom de fazer doces como ninguém, e tudo o que ela faz é muito bom, o que infelizmente não ajuda a manter a linha. Para piorar a situação ela faz um bacalhau com natas que é qualquer coisa de outro mundo. E eu fui subindo de kg em kg até chegar aos 85kg. O mais triste é não ter tido a noção disso. Só passado alguns anos e vendo fotos dessa altura é que me apercebi de quão gordo estive.

Tudo por causa de uma aposta

Em 2011 apostei com a Débora em como conseguia estar 1 ano sem comer carne ou peixe. A coisa foi-se aguentando até ter tido uma viagem pela Ásia. Estava em Kuala Lumpur, Malásia, e na hora de almoço passei ao lado de um McDonald’s. Quando reparo nos hamburguers disponíveis, eis que vejo um que me chamou a atenção. Não era uma BigMac… era um MegaMac! Um Big Mac com 4 hamburgers.

Foi a primeira vez que balancei na aposta. Um menu completo por 3,50€ ou seja, pelo preço de um menu em Portugal conseguia comprar 2 destes hambúrgueres. Um pormenor, eu estava sozinho,  mesmo que comesse só saberiam se eu contasse. E lembro-me de ter ficado uns bons minutos em argumentação comigo próprio, mas a discussão acabou com “Se te mantiveres firme nisto aguentas qualquer coisa!”. O que é certo é que passados 5 anos eu continuo a ganhar a aposta (tudo para marcar o meu ponto).

De céptico a convencido

Mas ouvir a palestra do Dr. Alberto Pereira da Silva mexeu com as minhas bases. Eu sou uma pessoa muito céptica, e como em tudo o que faço, questiono as coisas que oiço e procuro chegar ao cerne da questão até estar convencido. Ao ouvir que o leite é dos piores venenos que podemos tomar, isso deixou-me muito perturbado porque, afinal, “leite é bom”. Ouvimos isto em todo o lado, e leite é mesmo bom, quente, frio, morno, com chocolate, simples… por isso fui à procura de mais informação. 

“Ao ouvir que o leite é dos piores venenos que podemos tomar,  isso deixou-me muito perturbado…”

O problema é que quando se abre a caixa de Pandora não se pode voltar a fechá-la. Já não podemos invocar ignorância, e nunca mais olhamos para as coisas da mesma forma. Começou pelo leite e ovos, passou para o açúcar, depois comidas processadas e acabou connosco “fundamentalistas” como muitos nos chamam. Mas mais do que aprender, comecei a sentir mudanças no meu corpo. Dormia melhor, tinha mais energia, não tinha aqueles desejos de comer tudo o que via, a minha pele ficou melhor, menos alergias e a auto-estima também melhorou.

Mas as mudanças não ficaram pela alimentação. O exercício começou a fazer parte da rotina, e o Insanity foi algo de extraordinário. O Shaun T ajudou-me a melhorar muito. Eu costumava jogar futebol com os meus amigos, e passei de “saltar-me o pulmão” a meio do jogo, para poder continuar a jogar mais uma ou duas horas. As diferenças começaram-se a notar e passei dos meus 85kg para 63kg (parece que o pêlo também caiu…)

O mais interessante disto tudo, é que não tive de fazer “dieta”. Ou melhor, só precisei de começar a ter prazer numa alimentação simples e variada e a ter prazer no exercício. Naturalmente o peso foi descendo até que parou e se manteve estável nos 63kg.

Rodízio no casamento

Eu dizia a brincar que no meu casamento a boda seria com rodízio: maminha, picanha, cupim e o belo do ananás… Quão enganado eu estava. Foi o primeiro casamento onde estive que foi totalmente ovo-lacto-vegetariano. Queríamos que fosse um pouco mais, mas como a Débora já disse, fazíamos questão de ter convidados no casamento. Hoje seria mais fácil, mas na altura foi complicado. A nossa família tinha medo que os convidados passassem fome, mas no final, tantos os nossos familiares como os nossos amigos apreciaram bastante a ementa (ou então foram só simpáticos).

Eu e a Débora queríamos casar na praia de S. João da Caparica, e começámos por ir visitar o bar Lorosae. Ao falar com a responsável, quando dissemos que a ementa seria  ovo-lacto-vegetariana, a senhora disse-nos “Vegetariano? Os convidados vão todos afogar as mágoas na bebida!”. Pois…pequeno pormenor, também não haveria bebidas alcoólicas. “Que seca de casamento!” foi a resposta pronta da senhora… como devem imaginar não nos casámos nesse bar. Acabámos por nos casar no Kontiki (a melhor opção!).

Agora as coisas mudaram

Não vou dizer que tem sido fácil. Custa-me estar num almoço ou jantar com amigos, todos a comerem vistosas sobremesas ou comidas que hoje não como, e ficar a olhar.

“eu não deixei de gostar das coisas, apenas tomei uma decisão…”

Ao contrário do que costumam perguntar, eu não deixei de gostar das coisas, apenas tomei uma decisão, uma decisão que para muitos pode parecer retirar alguns prazeres da vida, mas bem pelo contrário.

A notícia que ia ser pai reforçou ainda mais a vontade de continuar. Quando o “+” apareceu, deixou de ser só a minha saúde em jogo, mas também a de um pequeno ser que está à minha responsabilidade, e essa responsabilidade começa antes sequer da concepção. Por isso fico feliz por ter feito estas mudanças antes de saber que ia ser pai.

As pessoas dizem-me que agora tenho de parar com este “fundamentalismo” porque tenho uma criança ao meu cuidado e não posso colocar em risco a sua saúde. Mas é precisamente por isso que vou continuar com este “fundamentalismo”. Eu fiz estas mudanças porque acredito que a saúde não se ganha num concurso de lotaria, ou que é por falta de sorte que se tem esta ou aquela doença. A saúde merece-se. Não é obra do acaso, mas sim o resultado de escolhas que fazemos diariamente.

“A saúde merece-se. Não é obra do acaso, mas sim o resultado de escolhas que fazemos diariamente.”

Quero que o meu pequenito faça essas escolhas por ele, mas neste momento, e enquanto for nossa a responsabilidade, em consciência escolhemos este estilo de vida para ele.

Conto de envelhecer podendo acompanhar os meus netos e quem sabe os meus bisnetos sempre ao lado da minha Koukla, podendo brincar, jogar com eles. Viver uma vida plena em todas as fases, livre de medicamentos e sem estar aprisionado a uma cama ou uma cadeira.

Isso é o que significa para mim ser leafstyle. Ser um papá leafstyle.

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