Nós costumamos dizer que somos vegan, por uma questão de simplicidade, porque assim não precisamos explicar que além da carne e do peixe, também não comemos lacticínios e ovos. Na verdade, ainda vamos usando a designação 100% vegetariano porque ainda não somos “completamente” vegan (faltam só alguns pormenores para chegar a 100%).
A “The Vegan Society” (Associação Vegan) define o veganismo como:
“Uma forma de viver que procura excluir – tanto quanto possível e praticável – todas as formas de exploração e crueldade contra animais quer seja para alimentação, vestuário ou qualquer outro propósito; e por extensão, promove o desenvolvimento e uso de alternativas para benefício dos seres humanos, animais e do meio ambiente. Em termos dietéticos, dispensa todos os produtos total ou parcialmente derivados de animais.”
Mas costuma haver também alguma confusão com o conceito. Ser vegan implica vestir de maneira estranha? Seguir alguma tendência espiritual? Participar em manifestações? Não tomar banho? Não tomar vacinas? Ser esquisito, intransigente e fanático?
“Uma forma de viver que procura excluir – tanto quanto possível e praticável – todas as formas de exploração e crueldade contra animais quer seja para alimentação, vestuário ou qualquer outro propósito; e por extensão, promove o desenvolvimento e uso de alternativas para benefício dos seres humanos, animais e do meio ambiente. Em termos dietéticos, dispensa todos os produtos total ou parcialmente derivados de animais.”
The Vegan Society (Tradução Livre)
Embora nos últimos anos se tenha visto um grande crescimento nesta área, esta realidade não é nova. Vamos à história para perceber como tudo começou, em Inglaterra:
- 1806 o Dr William Lambe, descreveu pela primeira vez um regime alimentar que excluía qualquer produto de origem animal.
- 1838 a palavra vegetariano era usada para descrever os membros da comunidade da Alcott House Concordium, conhecida por se abster de produtos de origem animal e por adoptar um regime alimentar “vegan”, predominantemente cru.
- 1847, com a criação da “The Vegetarian Society” (Associação Vegetariana) em Londres, a designação vegetariano passou a incluir ovos e lacticínios no regime alimentar, para que fosse possível incluir alguns dos membros envolvidos na criação da associação, que comiam estes produtos.
- 1849 foi publicado o primeiro livro de culinária sem qualquer produto de origem animal, o “Kitchen Philosophy for Vegetarians” (Princípios de Cozinha para Vegetarianos)
- 1909 a 1912 foi bastante discutido no jornal da associação, o “The Vegetarian Messenger” (O Mensageiro Vegetariano), se os vegetarianos deveriam ou não incluir ovos e lacticínios no seu regime alimentar.
- Novembro de 1944 foi criado o nome Vegan, com origem na palavra Vegetarian, para descrever os vegetarianos que se abstinham da ingestão de produtos de origem animal (outras sugestões para o nome foram dairyban, vitan, benevore, sanivore e beaumangeur…). Foi então criada a “The Vegan Society” (Associação Vegan).
Interessante de notar o momento e o contexto em que estes assuntos foram debatidos e em que a “The Vegan Society” foi criada. Numa altura em que os alimentos eram escassos e tinham de ser racionados os vegans tiveram dificuldade acrescida. Foi solicitado ao governo que os vegans recebessem uma porção de gordura vegetal como alternativa às porções de manteiga e banha, e que recebessem pontos adicionais para lhes permitir comprar outros alimentos que estavam limitados, como lentilhas e fruta desidratada, no lugar dos cupões de carne, queijo, leite e ovos, que eles não usavam. Os vegans podiam-se registar como vegetarianos, mas as porções vegetarianas não serviam, já que os alimentos extra eram de origem animal, como um ovo adicional por semana e cerca de 340g de queijo.
O pedido, feito em nome da “The Vegan Society”, foi recusado porque o governo considerou que os alimentos que a associação solicitava não eram nutricionalmente equivalentes aos alimentos de que propunham abdicar.
Ao surgir num momento em que todos tinham presente a experiência repugnante da guerra, a “The Vegan Society” quis lembrar que todos deveríamos fazer mais sobre outro tipo de “holocausto” que acontece a todos os dias.
A missão da “The Vegan Society” é “tornar o veganismo uma abordagem, facilmente adoptada e amplamente reconhecida, para reduzir o sofrimento animal e humano e os problemas ambientais, através de um diálogo construtivo, pacífico e credível com indivíduos, organizações e empresas.”
Resumindo…
Um vegan não tem de se vestir de maneira diferente, mas pode, se quiser.
Há vegans com aparência e hábitos diferentes do que é considerado “normal” pela sociedade, que acabam por se destacar em relação a vegans que não saltam à vista por ter uma aparência mais “normal”. Nem todos os vegans se vestem de maneira diferente e nem todos os que se vestem de maneira diferente são vegans.
Um vegan não tem de se vestir de maneira diferente, mas pode, se quiser.
Não tem de ter uma crença específica.
Há comunidades religiosas/espirituais que são exclusivamente vegan e há vegans com as mais variadas crenças. Ou que simplesmente não acreditam em nada, além do respeito pelos outros (humanos e animais) e pelo planeta.
Vegans participam em manifestações, assim como não vegans participam em manifestações. Há vegans que participam em manifestações grandes e barulhentas, há vegans que se manifestam de forma silenciosa (como por exemplo explicar o que é um vegan, através das redes sociais). Mas sim, todos os vegans estão prontos para dizer ao mundo que é bom ser vegan, porque realmente é!
Há vegans que tomam banho. Talvez te tenhas cruzado com um vegan num mau dia… de muito calor… 😜
É verdade que há famílias vegan que optam por não vacinar os filhos. Depois acabam por ser notícia de como fizeram surgir um surto de uma doença já “adormecida”. Os vegans que vacinam os filhos não aparecem nas notícias… E afinal de contas o “- tanto quanto possível e praticável -“ da definição de vegan talvez encaixe bem aqui.
Há pessoas que são esquisitas. Há pessoas que são intransigentes. Há pessoas que são fanáticas. Umas são vegan. Outras não. Há vegans completamente insuportáveis. Há vegans que são um espectáculo.
Há vegans completamente insuportáveis. Há vegans que são um espectáculo.
Afinal, o que é ser vegan?
É ser sensível ao sofrimento animal e aos problemas ambientais. É “descobrir” que se pode ser mais, que se pode fazer mais, e querer dizer ao mundo, das mais variadas maneiras, que ser vegan é bom!
Ripened by human determination – 70 years of The Vegan Society
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