Mamã leafstyle #6 – A pior dor não é a de parto!

por Débora

E pensar que já se passaram 3 meses…

O parto estava previsto para dia 25 de Março, mas toda a gente me dizia que ia ser antes, porque o normal é os pequeninos anteciparem-se (ou então porque estava com uma barriga enorme!). Pois…mas não. O meu pequenino estava a gostar tanto de estar no quentinho que decidiu que não ia sair. Teve então de ser expulso. A minha obstetra não gosta de gravidezes longas, por isso marcámos a indução do parto para antes das 41 semanas.

Optámos por um hospital privado, para que tivesse a oportunidade de ter o papá sempre ao meu lado, mesmo durante a noite. Entrei no hospital dos Lusíadas numa terça-feira ao fim do dia para iniciar a indução por volta das 6h30 de quarta-feira. Quando finalmente entrámos no quarto já passava das 23h e mais acomodar, preencher papelada, CTGs e soros, estávamos prontos para dormir por volta das 3h.

A manhã começa (ainda mais) cedo

Aquela que seria a última noite de sossego, curiosamente, não teve nada de sossego. Começou às 3h e foi de repente interrompida às 5h30 para me darem um lanchinho e para voltarem a ligar o CTG porque daí a uma hora ia tudo começar. Passei o dia “acorrentada” ao CTG e ao soro, por isso as minhas deslocações eram muitos reduzidas. De qualquer forma passei a maior parte do tempo a andar (na verdade eram só dois passos para a frente, dois passos para trás) e na bola, que a obstetra fez questão que eu tivesse no quarto. Mas não houve uma única visita da obstetra em que ela não chegasse nos momentos em que eu me deitava para descansar um pouco…

O tempo foi passando, e pouco ou nada de evolução das contracções com o comprimido da manhã. Iniciaram a Ocitocina e as coisas começaram a evoluir…até que não! Parece que comecei a ter contracções menos espaçadas e mais fortes, mas em pouco tempo voltaram a espaçar e a diminuir a intensidade. Eu só sentia algumas das contracções (embora fossem dolorosas eram toleráveis), por isso não me cheguei a aperceber desta mudança. Aumentaram a dose de Ocitocina, mas o meu pequenino não gostou muito, e teve de ser suspensa por um pouco. Definitivamente o rapaz estava bem confortável e não tinha intenções de sair. Lá voltaram à dose inicial de Ocitocina que continuou a ter o mesmo (pouco) efeito.

O pior de tudo? O tempo de espera chata e sem comer! Eu tinha tanta fome! Passei o dia com um sumo de maçã e duas doses de gelatina (vegetal) que tiveram de ser bem racionadas. Mas paciência, daí a pouco tempo (ou não) teria o meu pequenino comigo.

Começa a aventura

Às 18h a evolução tinha sido mínima, e a obstetra achou melhor intervir. Rebentou a bolsa e em poucos minutos começaram as dores. Avisaram-me que se eu quisesse epidural a pedisse assim que sentisse necessidade. As dores já eram fortes, mas eu tinha decidido que tomaria epidural apenas quando as dores se tornassem insuportáveis. Eu queria ser capaz de aproveitar da melhor forma o momento do parto, e se há coisa de que eu não sou capaz, é de aproveitar o que quer que seja quando tenho dores muito fortes, mas também não queria ser piegas e pedir logo à primeira dorzinha.

Mas na verdade não demorou muito… O que não tive durante todo o dia chegou a galope em menos de 5 minutos. Pedi a epidural e depois de 15 minutos (que mais pareceu uma hora), chegou o anestesista (que, segundo ele, era o homem mais desejado da maternidade e eu concordo!). O enfermeiro que me estava a acompanhar andou à procura do anestesista e foi dar com ele preparado para entrar para o bloco, para uma cesariana. Foi trazido (de forma simpática, civilizada e de livre vontade) pelo enfermeiro antes de entrar para a cesariana. Acho que não chegou a demorar 1 minuto a colocar o catéter para a epidural, (não faço ideia se custa…estava focada noutra dor) e desapareceu para o bloco, mas não sem antes dizer umas graças, que tenho pena de não ter dado a devida atenção. Mais uma vez…o meu foco era outro.

Pronto, tudo tranquilo. Agora era só esperar que a natureza desempenhasse o seu papel.

Às 22h30 tive de tomar nova dose e pouco depois fui levada para o bloco de partos. Já estava quase, mas o tempo que estive no bloco de partos (mais 1h30 – e ainda bem! Depois conto porquê) tive de ficar deitada para o lado esquerdo… O que este facto tem de relevante? Passei a sentir tudo do lado direito. Chegava até a ser engraçado que quando vinham as contracções, agora já bem juntinhas e fortes, do lado esquerdo estava tudo tranquilo enquanto do lado direito era o horror!!

A pior dor chega… no momento em que surge um amor indescritível.”

Mas de repente, num segundo tudo muda. O momento em que ouço pela primeira vez o choro daquele que era parte de mim, do meu pequenino. Foi nesse segundo que percebi que a pior dor não é a de parto. A pior dor chega exactamente no mesmo momento em que surge um amor indescritível. Um amor que é maravilhoso mas que dói tanto. Dói sequer pensar na possibilidade de que alguma coisa de mal aconteça a este pedaço de mim, dói imaginar que alguma vez tenha de me separar dele, dói saber que ele vai crescer num mundo que tantas vezes é injusto, dói saber que não vou ser capaz de impedir que ele sinta dor… Dói sentir este amor tão forte.

Mas ao mesmo tempo é tão bom! É a melhor sensação que alguém pode sentir, quando o nosso bebé é colocado junto de nós, quando lhe tocamos pela primeira vez, quando lhe falamos, quando eles olham para nós e acalmam o choro… As dificuldades e as dores perdem qualquer importância. Tudo vale MUITO a pena por este momento mágico, que foi perfeito por ter o papá sempre ao meu lado.

Já agora, o papá não anunciou o nascimento de forma lá muito convencional… criou um site para anunciar a chegada no nosso mais recente mini – ibaby.pt

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