Estava na terceira semana do Insanity quando chegou a confirmação de que vinha aí um bebé (já com 6 semanas). O ShaunT ficou em stand-by e começou toda a azáfama de consultas e análises.
Apesar de nunca ter tomado nenhum suplemento, todas as análises vieram óptimas, incluindo a vitamina B12 e o ácido fólico. A maioria das bebidas vegetais têm suplemento de B12 e os folatos (ácido fólico) encontram-se em abundância em muitos vegetais.
Resultados que não convencem
Orgulhosamente mostrei os óptimos resultados à obstetra, no entanto, não foi o suficiente para evitar arrancar um “ah…humm…” da doutora, quando lhe disse que sou vegan.
Apesar de tanta informação que existe sobre alimentação, a comunidade médica ainda tem muita resistência ao conceito de não consumir carne, peixe, ovos e laticínios. É verdade que ninguém deve fazer alterações significativas na sua alimentação sem estar informado (e bem informado), no entanto quando estas alterações são feitas com base na informação científica disponível, não só deveriam ser apoiadas, como incentivadas.
“A comunidade médica ainda tem muita resistência ao conceito de não consumir carne, peixe, ovos…”
Um regime alimentar estritamente vegetariano tem efeitos visíveis na saúde, e facilmente se consegue verificar que é mais saudável. Claro que quando as mudanças são feitas de forma radical e desinformada também são visíveis os seus efeitos negativos. E, normalmente, é este o foco de quem tem um regime alimentar “normal”.
Mas a partir do momento em que apareceu o “+” comecei a ter ainda mais preocupação com a alimentação, com o dormir bem, com o exercício adequado, com o convívio, em apanhar sol… no fundo tudo aquilo que acreditamos fazer parte de um estilo de vida saudável, para que o bebé tivesse a possibilidade de se desenvolver num ambiente saudável. Comecei a tomar o suplemento “Gentle Prenatal” do Dr. Joel Fuhrman e um suplemento de Ómega-3 vegan “Opti3” para suprir as necessidades extra durante a gravidez.
Adeus energia, olá sono
Nem sempre as coisas correm como planeamos e a energia inicial foi-se esgotando junto com a capacidade de comer e de aguentar qualquer cheiro. Os enjoos do primeiro trimestre atacaram com muita força e percebi que não há alimentação saudável que os impeça. De entre as muitas coisas que comecei a ler sobre gravidez, li algures que os enjoos servem para defender o bebé das comidas menos saudáveis que a mãe possa ter vontade de comer e orientar a mãe para comer só coisas boas… Definitivamente não!
A partir das 7 e até às 9 semanas, por mais que tentasse, as únicas coisas que conseguia comer e aguentar no estômago eram bolachas marinheiras sem sal, pão simples, batatas “fritas” no forno e água gelada. A sensação de náusea era constante e o desespero foi ganhando algum terreno.
“Durante 3 semanas vivi num mundo à parte, onde tudo se resumia a náuseas, falta de energia e sono.”
A preocupação de não alimentar o bebé de forma correcta só não foi maior, porque toda a minha energia (ahah… mais para “falta de energia”) estava em tentar manter-me acordada, capacidade que nem percebi como ou quando a perdi. Durante 3 semanas vivi num mundo à parte, onde tudo se resumia a náuseas, falta de energia e muito sono.
Mas tudo mudou depois da 2ª consulta de obstetrícia. O comprimido “mágico” para aliviar os enjoos, mas que dava sono (pfff…tranquilo, não era possível ter mais sono do que o que eu já tinha), foi das melhores prescrições que tive! A médica disse que podia tomar até 4 por dia, mas bastou-me 1 por dia para esvanecer qualquer lembrança do que é ter enjoos (desde que não atrasasse a toma). Consegui voltar a comer de forma equilibrada e assim ganhei alguma energia e melhorei a resistência ao sono. Mas a energia ainda não era suficiente para conseguir fazer exercício… caminhadas bem curtas era o máximo que a minha “capacidade física” permitia.
Péssimo resultado
Mais análises feitas e um resultado que eu não queria mesmo! “Não é imune à Toxoplasmose” – o que quer dizer que acabaram as saladas fora de casa, e em casa os vegetais crus têm de ser desinfectados. “Hey! Mas não precisa de se preocupar com os enchidos e carnes mal passadas, uma vez que é vegan”. Pois, definitivamente não é coisa que me preocupe… só não posso comer vegetais crus fora de casa (como é que vai ser possível?!?) ou sem ter o trabalho de os desinfectar cada vez que os quiser comer (não comer alimentos processados já obriga a ter mais trabalho, vamos só acrescentar mais um pormenorzinho…). Mas o que tem de ser, tem de ser.
Com este resultado começaram as perguntas de alguns familiares e amigos “Então e agora, o que vais fazer aos gatos? Tens de pensar primeiro no bebé!” Suspeito que a resposta que esperavam ouvir fosse “Hmm… acho que agora vou ter de os abandonar!”.
Bem, eu não pretendo comer cocós de gato, nem mexer nos cocós e ir comer ou fazer o que quer que seja a seguir, sem lavar bem as mãos. Na verdade não pretendo sequer limpar os cocós, porque essa tem sido a tarefa do Marcos já há algum tempo. Acho que afinal ia poder continuar a aproveitar os meus 3 gatos de forma tranquila, enquanto aguardávamos ansiosamente pelo momento em que teríamos a confirmação se estava tudo bem com o nosso bebé, na ecografia das 12 semanas.